Monet |
E chega ela assim, sem cerimônia, amanhece cheia de claridade, impondo o mercado por fazer, a conta por pagar, o teste do filho, o médico a ser agendado, a conversa atravessada do final de semana a ser esquecida, o incômodo a ser encarado de frente, sem a cortina do sábado, sem a lua cheia da sexta-feira, sem a preguiça abençoada do domingo. A relação com a segunda-feira, no fundo, é mesmo de amor. O que seria do ser humano sem a chance de toda segunda-feira? É a hora de recuperar a rotina, de mover o pó que se acumulou no pensamento. Hora de tirar os óculos escuros. Me fizeram a proposta de não trabalhar às segundas-feiras. Disse não, obrigada. Se não tenho a segunda-feira para me cobrar a ordem, corro o risco de perder todo o fio da meada, interrompo a possibilidade de recomposição. É preciso ( re) iniciar a dieta, acordar mais cedo para o exercício de si mesmo e acertar as contas íntimas. Até para voltar a escrever precisei dela. De suas horas bem marcadas, de sua voz imaginária me lembrando de tudo aquilo que necessitava solucionar para manter a minha paz de espírito.
Hoje tem gente começando um trabalho novo, resolvendo se casar, se separar, querendo fazer um filho, mudando de país, salvando o sonho sabotado, se matriculando em academia, perdoando, melhorando alimentação e saindo de depressão. Hoje é dia dela, da consciência despertada pela segunda-feira. Hoje é dia de mudança. Das pequenas mudanças essenciais à manutenção da rotina. Celebro esse dia porque ele, como nenhum outro, vem falar ao ouvido e puxar a orelha para que continuemos com a nossa intenção de felicidade. A felicidade nasce numa segunda-feira. A felicidade é semeada numa segunda-feira para ser colhida logo mais, no final de semana.